No pronunciamento, Jayme Campos propôs “a suspensão temporária” da retirada dos agricultores da região, como tentativa de evitar que o conflito se agrave ainda mais e que acabe resultando em mortes. No discurso, o senador também defendeu a aprovação imediata da PEC 38 de 1999, que altera os artigos 52, 225 e 231 da Constituição Federal. Pela proposta, é atribuída ao Senado Federal a competência para aprovar processo sobre demarcação de áreas indígenas.

“Antes de medidas extremas, como a utilização de força militar, seria necessário o esgotamento do debate e o oferecimento de alternativas econômicas e sociais que de fato contemplem as reais necessidades daquela população. Precisamos encontrar um ponto de equilíbrio que respeite as conquistas dos colonos e garanta a integridade cultural da nação xavante”, ponderou o mato-grossense, lembrando a legítima questão antropológica em que reconhece o direito dos índios.

Segundo o senador, as famílias que vivem há mais de duas décadas na região estão sendo desalojadas devido a uma decisão da Justiça que assegurou as terras aos índios xavantes. Jayme Campos disse que devem ser retiradas cerca de sete mil pessoas, “que travam uma luta desesperada pela manutenção da conquista de uma vida inteira de trabalho, suor e renúncias”.

Jayme Campos lamentou o fato de que durante o confronto dos agricultores com a Força Nacional e a Polícia Federal, dez pessoas tenham saído feridas do embate. “A qualquer agressão por parte das forças legais corresponderá, inevitavelmente, uma reação violenta da comunidade. Esses produtores rurais estão dispostos a tudo: a matar e a morrer. A qualquer momento pode acontecer uma tragédia”, alertou Jayme.

Michel Temer – O senador lembrou que na última terça-feira a bancada federal de Mato Grosso esteve em audiência com o Presidente da República em exercício, Michel Temer, na tentativa de construir alternativas que possibilitem o fim das hostilidades. Segundo o democrata, o primeiro ponto que ficou claro nas discussões, depende de uma trégua na ação policial e a suspensão temporária da retirada dos fazendeiros de suas propriedades.

“Como estadista que é, o vice-presidente Michel Temer endossou as preocupações da bancada mato-grossense, mas deu poucas garantias de que consiga articular uma ação mais efetiva em poucas horas, visto que também ele cumprirá agenda internacional nos próximos dias”, relatou na tribuna o encontro.

Para Jayme Campos, a formatação de um pacto entre estas duas populações pode representar uma nova aurora para o país, o resgate de erros históricos e a construção de uma ideia de justiça que seja inclusiva e duradoura. “Neste sentido, peço a suspensão imediata da desintrusão da área em questão e, concomitantemente, a criação de um grupo de trabalho para estudar o tema e oferecer, em breve tempo, soluções viáveis para este conflito”.

Ao final do discurso, Jayme Campos evocou a paz no campo. “A terra que cultiva leite e mel, como profetizou Dom Bosco, não pode ser manchada pelo sangue inocente de nossos irmãos! Paz no campo é a palavra de ordem para as futuras gerações. Isto depende mais do bom senso do que das leis”, finalizou.

Assessoria de Imprensa/Foto – Audiência com o presidente Michel Temer